Que tal mudar o sentido da seta?

Têm coisas que não dão certo, mas a gente insiste. E sabe por que? Porque alguém nos disse que é assim que as coisas funcionam e acreditamos. Quantas “verdades” não verdadeiras nos aprisionam, nos impedem de ir além?

Aqui me refiro à crença de que as pessoas são movidas por metas, bônus e recompensas. Quem primeiro nos fez acreditar nessa falácia foi um sujeito de grande reputação em sua época, um tal de Frederick Taylor, considerado o pai da administração científica. No início do século XX, o mundo inteiro orientava-se por suas ideias. 

Sua influência foi tal que gerou o taylorismo, um modelo de organização, liderança e método baseado na promessa de recompensa ou no medo de punição, portanto, a cenoura e o chicote. Modernizou-se no pagamento por horas de trabalho, nos índices de produtividade, na remuneração por produção ou tarefa, no controle do trabalho monitorado por câmeras. 

O gene desse receituário está na crença de que as pessoas são egoístas e gananciosas por natureza. Se não for por meio da promessa de recompensa ou do medo da punição, vão embromar, sem fazer o que precisa ser feito. Todo aparato gerencial foi desenvolvido ao redor desse infeliz preconceito.

Mais de cem anos se passaram e aqui estamos nós. De lá para cá muitas coisas mudaram, do operário com uniforme de cor e step salarial diferenciados de acordo com a função ao jovem de camiseta e chinelos trabalhando em sua startup com renda irregular. 

Talvez você acredite mesmo que as pessoas são egoístas e gananciosas, motivadas sobretudo por recompensas financeiras. Se vale para elas, vale também para você?

Talvez sua resposta seja de que para você o que conta sobretudo é o trabalho com propósito e significado, fazer parte de uma equipe que vive relações saudáveis ou contribuir para um mundo melhor. Se vale para você, por que não vale também para elas? Quando compreender que somos feitos do mesmo barro, é bem possível que queira rever aquela “verdade”.

Até aqui, fico feliz se der uma pequena pausa para respirar e refletir. Acrescento outra questão: se metas, bônus e recompensas não funcionam – e podem até reduzir o desempenho e os resultados, limitados por metas, bônus e recompensas – o que, então, colocar no lugar?

Recomendo que apazigue o instinto humano – o do “mais para mim” – provocado por estímulos externos e abra espaço para o espírito de serviço, solidariedade e contribuição que habita todo ser humano. Ou seja, evoque o melhor de cada um.

Como?

Por meio do Capital Relacional. Quando estamos atentos às súplicas de clientes e colaboradores, a seta muda o sentido, e o desejo de fazer mais e melhor para os outros produzirá resultados superiores, algo antes considerado inimaginável. Nada é mais poderoso do que as pessoas que fazem algo porque desejam.

Se duvida, experimente. Está mais do que na hora de abrir-se para outras verdades. Justamente as que podem, sim, dar certo.

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